
“O balão vai subindo Vem caindo a garoa O céu é tão lindo A noite é tão boa São João! São João Acende a fogueira Do meu coração”
Chega junho e a gente começa a pensar nas festas juninas. O Brasil inteiro tem a tradição dessas festas para celebrar a colheita, principalmente do milho. E também porque é o mês de São João, Santo Antônio e São Pedro. Sendo São João o santo mais mais querido na festividade.
Fogueira, quadrilha, barraquinhas de jogos, famílias reunidas para compartilhar o momento! Mas o que a gente gosta mesmo é dos quitutes juninos: pipoca, pastel, quentão, vinho quente…E claro, tem que ter as delícias de milho: bolo de milho, pamonha, canjica, (no Nordeste é mungunzá), sopa de milho e o dito aqui no post, o curau, “o puro creme do milho verde”, como diz o slogan mais famoso do interior brasileiro.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, importante pesquisador da alimentação no Brasil: “O milho era uma presença na alimentação indígena mas não constituía determinante como a onipoderosa mandioca e a macaxeira (aipim),amável e fácil”. (CASCUDO, pg 107, 2011).
Diferente dos vizinhos do lado do Pacífico, dos países da América Central e da América do Norte, que tinham o milho como base da alimentação de seus povos, o nativo brasileiro não valorizava tanto o milho, comendo-o como fruto assado ou fazendo seus vinhos com ele. “Sua utilização mais ampla verifica-se com a gula portuguesa que o valorizou imediatamente ao conhecimento”, conta Cascudo na mesma página do seu tratado. (CASCUDO, pg 107, 2011).
O curau de milho ou canjica para os nordestinos, é um doce que tem origem da combinação do pudim europeu e de uma bebida espessa utilizada pelos índios tupis. Tem como principais ingredientes milho verde, leite de vaca ou de coco, açúcar e canela.
Quando criança eu não era muito fã de curau, preferia a pamonha e o bolo de milho. Mas me bateu um pseudo saudosismo, não sei se posso usar esse termo… Mas é uma saudade de algo que eu não apreciava. Deu pra entender?
Enfim… Fui fazer a minha versão de curau de milho sem leite de vaca. Fiz duas vezes: uma com leite de aveia e outra com leite de amêndoas.
Na primeira tentativa, o mingau doce engrossou bem, pois além do amido natural do milho, tinha o amido presente no leite de aveia e o “pudim”, queria que fosse esse o nome: “pudim de milho verde”, ficou mais firme, quase um manjar.
Na segunda tentativa, usando leite de amêndoas, o doce ficou menos espesso, cremoso como um pudim de colher e o sabor do milho ficou mais presente.
Eu não tentei fazer com leite de coco, pois imaginei que prevaleceria o sabor do coco.
Então meu voto é para o curau de milho com leite de amêndoas. Mas se você não conseguir o leite de amêndoas, pois as vezes não tem no mercado e quando tem, o preço é um pouco salgado… Faça o leite de aveia para usar no seu pudim, digo curau, e mate a saudade de infância. Ah… Aqui no blog tem receita de leite de aveia: https://alergiazero.blog/2019/01/26/leite-de-aveia-sem-gluten/
Ah! Também tem receita de bolo de milho cremoso, que mais parece uma pamonha de assadeira. Delicioso! Adoro quentinho com muita canela! https://alergiazero.blog/2019/06/08/bolo-de-milho-cremoso/
Vamos fazer curau de milho?
Ingredientes:
- 350g de milho verde cortado das espigas (usei 3)
- 200g de açúcar refinado
- 600ml de leite de amêndoas ou de aveia
- canela em pó a gosto
Modo de preparo:
- Bata no liquidificador o milho com o leite vegetal.
- Passe por uma peneira.
- Coloque numa panela e adicione o açúcar.
- Leve ao fogo e mexa o tempo todo. Quando começar a engrossar, abaixe o fogo e continue cozinhando.
- Quando estiver na consistência de um mingau grosso, retire a panela do fogo.
- Deixe esfriar na panela, mexendo vez ou outra para não formar película na superfície do curau.
- Quando estiver completamente frio, coloque em copos ou taças de sobremesa e polvilhe canela em pó.
- Leve a geladeira para firmar mais.
- Rende 6 porções
Referências:
CASCUDO, Luís da Câmara. História da alimentação no Brasil – 4ª ed.- São Paulo: Global, 2011.
